quarta-feira, 21 de março de 2012

Língua Falada e Língua Escrita - 8º ano


A língua falada e a língua escrita são equivalentes?

Nem sempre. Embora sejam expressões de um mesmo idioma, cada uma tem a sua especificidade. A língua falada é a mais natural, aprendemos a falar imitando o que ouvimos. A língua escrita, por seu lado, só é aprendida depois que dominamos a língua falada. E ela não é uma simples transcrição do que falamos; está mais subordinada às normas gramaticais. Portanto requer mais atenção e conhecimento de quem fala. Além disso, a língua escrita é um registro, permanece ao longo do tempo, não tem o caráter efêmero da língua falada.

Diferenças entre a língua falada e a língua escrita



Língua Falada
Língua Escrita
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Palavra sonora
Palavra gráfica
Recursos: signos acústicos e extralingüísticos, gestos, entorno físico e psíquico
Pobreza de recursos não-lingüísticos; uso de letras, sinais de pontuação
Requer a presença dos interlocutores. Ganha em vivacidade
Comunicação unilateral. Ganha em permanência
É espontânea e imediata. Uso de palavras-curinga, de frases feitas
É mais precisa e elaborada. Ausência de cacoetes lingüísticos e vulgarismos
A expressividade permite prescindir de certas regras
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Mais correção na elaboração das frases. Evita a improvisação
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É repetitiva e redundante
É mais sintética. A redundância é um recurso estilístico
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A informação é permeada de subjetividade e influenciada pela presença do interlocutor
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É mais objetiva. É possível esquecer o interlocutor
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O contexto extralingüístico é importante
O contexto extralingüístico tem menos influência




Registros da língua falada
Há pelo menos dois níveis de língua falada: a culta ou padrão e a coloquial ou popular. A linguagem coloquial também aparece nas gírias, na linguagem familiar, na linguagem vulgar e nos regionalismos e dialetos.
Essas variações são explicadas por vários fatores:
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Diversidade de situações em que se encontra o falante: uma solenidade ou uma festa entre amigos.
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Grau de instrução do falante e também do ouvinte.
Grupo a que pertence o falante. Este é um fator determinante na formação da gíria.
Localização geográfica: há muitas diferenças entre o falar de um nordestino e o de um gaúcho, por exemplo. Essas diferenças constituem os regionalismos e os dialetos.
Atenção: o dialeto é a variedade regional de uma língua. Quando as diferenças regionais não são suficientes para constituir um dialeto, utiliza-se os termos regionalismos ou falares para designá-las.


A língua falada como recurso literário


A transcrição da língua falada é um recurso cada vez mais explorado pela literatura graças à vivacidade que confere ao texto. Observe, no trecho seguinte, algumas das características da língua falada, tais como o uso de gírias e de expressões populares e regionais; incorreções gramaticais (erros na conjugação verbal e colocação de pronomes) e repetições:

"– Menino, eu nada disto sei dizer. A outro eu não falava, mas a ti eu digo. Eu não sei que gosto tem esse bicho de mulher. Eu vi Aparício se pegando nas danças, andar por aí atrás das outras, contar histórias de namoro. E eu nada. Pensei que fosse doença, e quem sabe não é? Cantador assim como eu, Bentinho, é mesmo que novilho capado. Tenho desgosto. A voz de Domício era de quem falava para se confessar:
– Desgosto eu tenho, pra que negar?... "





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